Eugène Hollender - editor do Messager de St. Paul
Valéria Guimarães
Eugène Jules Jacques Hollender de Jonge (Dunquerque, França, 26/03/1859 - São Paulo, Brasil, 10/08/1931) era um francês de origem judaica nascido em Dunquerque, região portuária que faz fronteira com a Bélgica, uma área tradicionalmente flamenga. Formado em engenharia civil, radicou-se no Brasil em fins do século XIX, mas não exercia a engenharia. Dava aulas de línguas e piano na cidade de Capivari, interior de São Paulo, casando-se com Maria Dias de Almeida em 1888.
Mudou-se para a capital onde passou a trabalhar como intérprete e tradutor juramentado no foro paulista, atuando na Alfândega de S. Paulo, na Associação Comercial, além dos Consulados da França, Rússia, Itália, Inglaterra, Suécia e Noruega, tendo ainda sido subdelegado de polícia e despachante no início da década de 1890. Em fins do século XIX, foi correspondente em São Paulo de dois jornais franceses publicados no Rio de Janeiro, o Brésil Républicain e o Echo du Brésil. Paralelamente, mantinha uma loja de “artigos de música, antiguidades, pinturas etc.” desde 1894 na região central de São Paulo - várias partituras da época levavam seu selo. Finalmente, no início do século XX, se lança na aventura de editar seu próprio jornal, Le Messager de St. Paul, que vem à luz em 1901 e que foi publicado até 1924.
Apesar de ser um jornalista atuante no período da Primeira República, seu nome é praticamente ignorado na bibliografia sobre história da imprensa. O que Hollender veio fazer no Brasil não está claro ainda, mas é fato que estava engajado na difusão da cultura francesa. Seu jornal era bem conhecido e sua figura, respeitada pela elite paulistana e valorizada pelas autoridades francesas que o tomavam por representante oficial da colônia em São Paulo. Em 1906 foi nomeado pelo governo francês para formar um comitê de brasileiros importantes para irem a Paris a fim de estreitar os laços entre os dois países.
Este personagem multifacetado também atuou como editor de livros como o Flore Médicale Brésilienne (1920) do Dr. Monteiro da Silva, médico do Rio de Janeiro pioneiro em fitoterapia, obra totalmente escrita em francês. Em junho de 1831 o jornal O Estado de S. Paulo anuncia uma doação de René Thiollier de 200 mil réis ao "velho jornalista sr. E. Hollender, atualmente doente e impossibilitado de trabalhar" (OESP, 24/06/1931) e pouco tempo depois este veio a falecer, em 10 de agosto do mesmo ano.
Para saber mais consulte o verbete Messager de St. Paul.
Para citar este artigo
GUIMARÃES, Valéria. Eugène Hollender - editor do Messager de St. Paul. [verbete] in Site Jornais Franceses no Brasil, Programa Jovem Pesquisador- FAPESP Transferências Culturais na Imprensa na passagem do século XIX ao XX - Brasil e França, disponível em: http://jfb.franca.unesp.br/publicacoes/verbetes/eugene-hollender-editor-do-messager-de-st-paul
22/07/2015